A BREVE VIDA DE UM GUERREIRO

Acompanhe o texto com a música.

CREPÚSCULO SOMBRIO

Quando abri meus olhos, eu vi um céu estranho, de cor sépia forte, com nuvens negras. Não nuvens de uma tempestade, porque estas sim seriam um alívio para nós. Eram nuvens de destruição, ganancia, luxuria e poder. O sol estava se pondo no oeste longínquo de forma aterradora e triste. Desejava eu que ele não se escondesse naquele horizonte insólito cheio de corpos derrotados por uma guerra de conquista fútil e dolorosa. Os gritos eram horríveis, meu corpo estava cansado. Não um simples cansaço, mas um cansaço que antecipa a vinda do anjo, o anjo que vem nos buscar quando a última gota de nossas míseras vidas breves está para secar. O arfar das asas do anjo se aproxima. Ainda vejo o céu, e agora o sol toca o horizonte intrépido cheio de destruição. Acabou, a guerra acabou, minha vida está chegando ao fim. As nuvens negras das fumaças dos campos destruídos segue longe, sendo levada pelo vento, o inocente vento que, com pureza e benignidade, leva as cinzas dos corpos falecidos dos homens que deram suas vidas para nada. O sol se vai, eu me sinto com frio, meus músculos não se movem, o cansaço é muito, e a noite aterradora chega.

NOITE NAS SOMBRAS

Açoitado pelos sons horríveis das máquinas voadoras, procurando vida para selar, adormeci, e mesmo em meus sonhos pacíficos eu escutava o som entorpecente e sombrio das aves de ferro.

Em meus sonhos, estou no sopé de um morro coberto por gramas verdes de cores tão vivas, que eu podia senti-las com meus pés descalços. As roupas brancas não estavam manchadas de sangue, não havia dor, não havia morte. No topo deste morro, vejo uma linda mulher de vestido branco e cabelos negros soltos ao vento, o inocente vento pacífico dos Céus. Ao lado havia uma criança, meu filho, e ao fundo uma árvore sem folhas, porque toda ela era cheia de flores, flores brancas de fragrâncias puras e magníficas. O céu azul e claro era perfeito. Nuvens brancas se arrastavam ligeiras pelo céu profundo.

Acordei com meu coração batendo como tambores na comemoração de uma coroação de um rei dos reinos antigos. Uma luz vermelha liberando um calor insuportável se faz ao meu lado, meu corpo é jogado para longe, caindo no meio de um pântano ou algo parecido. Com a cabeça encostada em um corpo, desmaiei.

AMANHECER INCONSOLÁVEL

O sol agora nasce novamente, e eu acordo com seus raios fortes e diretos em meu rosto, me perguntando se a tormenta dos dias anteriores se prorrogaria, esgotando minhas forças, ou se eu morreria. O arfar das asas daquele anjo parecia mais perto agora. O céu cinzento e pálido, com nuvens negras, porém mais leves, revelaram um campo sórdido e impuro, pesaroso aos olhos, impactante para o coração, inconsolável para a alma. Não conseguia me mover, meu corpo pesava mais do que minha força de vontade. Me arrastava, ouvindo o vento ecoar pelas valas, trazendo o cheiro pútrido. Não me importava mais, pois sabia que o anjo logo me levaria. Olhando ao redor, não encontrei vida, não encontrei um ombro para descansar. Lágrimas saíram de meu rosto.

O ANJO DA MORTE

Ao que muitos pensam ser o pior dos anjos, este agora me trás o alívio, me trás uma oportunidade de viver, e não de sofrer. A morte, para mim, representa a liberdade! Respirando pesarosamente, com o corpo gélido e pálido, sem forças, eu comecei a delirar. Minha respiração agora estava vacilando, meu coração estava querendo deixar-me, parando sua orquestra magnífica que toca a vida. Por vezes eu tentei me convencer de que morrer não seria bom, mas se ficasse ali, sofreria, e a morte seria a libertação. As asas estavam próximas, e como uma visão perfeita, e no delírio antecipando a morte, eu pude ver as asas brancas de um anjo entre as nuvens, fechei meus olhos pesados e fundos pela tristeza, e quando os abri, uma face jovial de cabelos pequenos e tão claros quanto o ouro, estender suas mãos, que eram claras como a pele mais lisa e branca que pode existir. Seus olhos castanhos e claros, como o mel, fitaram meu ser cansado. Com vozes magníficas tiradas de orquestras angelicais, ele me disse: “Não sofrerás mais. Tirarei de ti a sua dor, o seu rancor, todo o seu ódio, pois merecedor da vitória és”. Morri.

O PRESENTE DOS CÉUS

Deus foi perfeito quando criou o mundo...

E eu completo, inconsolavelmente:

… e nós, impuros e impulsivos quando decidimos que destruir seria a solução!

Não faço mais parte daquele mundo, estou onde queria estar, ao lado da mulher de cabelos negros e lisos, ao lado da criança que naquela última noite de vida, eu vi. Não fora um sonho, e sim uma visão. Sou grato por ter vivido, e não condenarei por ter conhecido a dor da guerra, da angústia e da cobiça mesclada com luxúria dos povos que fecham seus olhos perante o Senhor, perante DEUS.

O anjo da morte chegou e me trouxe aos céus, e feliz sou... e sempre serei. As dores foram sanadas, as angústias, os rancores de épocas passadas, o ódio e a mágoa guardadas em meu coração se foram. Confiei em DEUS, e eis minha recompensa.

Grato pelos Céus.

Por Ronaldo Filho.

Texto criado no dia 12 de junho de 2010.

Amem ao Senhor, nosso DEUS, creem em JESUS, nosso irmão, e filho de DEUS, assim como somos DELE, porque a recompensa chegará em breve, faça coisas boas e não condene. Perdoe a quem te fez algo ruim, você se sentirá bem. Nossa presença na Terra, nossa vida, é tão ligeira quanto uma estrela cadente. Não destrua aquilo que DEUS colocou e ofereceu para nós, pois ELE o fez com tanto carinho, com tanto amor, sempre pensando em nós, e o que fazemos, destruímos. Pense bem antes de ser impulsivo.

DEUS vos abençoe, que CRISTO os acompanhe em cada passo que tomar, e que os ANJOS do SENHOR lhes mostrem o caminho certo.