Outras Histórias

11 de dezembro de 2010

22º Texto - Um mergulho nas sombras

Meu coração batia feito tambores em época de carnaval.
Haviam dois olhos flamejantes me perseguindo.
Respirei fundo.
Não podia acreditar que estava fugindo.
Prendi a respiração.
E antes que o ataque se repetisse...
Mergulhei.

O lago escuro como a noite mais obscura e sem estrelas. Acima de mim uma grande criatura que, pelo seu ódio, fulgurava em seu desejo de morte. Seu golpe havia me acertado em cheio, e já ia me faltando ar, quando me recuperei e finalmente mergulhei no lago escuro. Sendo este escuro, a criatura com sede de sangue, do meu sangue, procurou-me. Varreu com seu olhar incansável e não me achou. O lago negro havia me protegido, as sombras haviam me ocultado perante à criatura destruidora de vidas. Enquanto estava emergido na escuridão total de meus pensamentos, envolto de silêncio e solidão, eu olhei para cima, e vi dois grande globos fixarem-se no lago.
O ar já começava a me faltar. Seus dentes brilhavam como chamas enquanto eu observava. Percebi que seu olhar havia se afastado. Voltei para a superfície. O céu estava nublado e os raios caíam aos montes no horizonte. O mesmo horizonte em que vi a criatura recuar. Enfim, estava livre.

Não. Estava errado. Ela voltou seu olhar para mim, como as trevas procuram sanar a luz, seu olhar procurava por uma vida para celar.
Com grande rapidez ela veio. Não podia mergulhar nas trevas, nas sombras, e me ocultar, sendo assim, encarei. Saí do lago de sombras e cheguei à terra firme. Com fé, exaltei. E antes que a criatura tocasse meu corpo, ela explodiu em luzes; seus olhos flamejantes sendo ocultados por uma luz imensa que rasgou o céu naquele dia, e brandindo com ele uma grande força, fazendo da criatura apenas pó. Quando aquilo ocorreu, simplesmente o dia nublado torno-se claro, um dia perfeito e ensolarado, e o lago de trevas transbordava em águas cristalinas e tão puras que podia ver o fundo deste lago.
Acabou. Agora acabou.
Antes que eu pudesse puxar o gatilho, eu fugi; e antes mesmo que fosse para longe, numa fuga covarde e insana, eu encarei, e venci. Glória a Deus!

por Ronaldo Filho, 22º Texto de 2010 escrito às 02:45h.

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