Era um fim de tarde quente e silencioso, como daqueles que o vento nos dá o desprazer de sua ausência.
Pousou suavemente o pouco que sobrou de seu cigarro no cinzeiro. Ainda queimava lentamente em meio às cinzas. Sobre a mesa, o cinzeiro, um copo vazio com um odor de álcool e um cartaz com a foto de um coelho. Cruzou os pés e os colocou sobre a mesa. O jeans surrado de cor escura recuara, mostrando uma bota toda suja de barro. Sua camiseta xadrez estava suada e havia marcas de sangue e barro. Em seu rosto, a barba por fazer e o sorriso de satisfação era evidente. As mãos estavam feridas e imundas.
Fechou os olhos e encostou sua cabeça na poltrona, entrelaçando os dedos atrás da nuca. Sussurrou:
- Finalmente eu matei aquele desgraçado, aquele Coelho maldito e seu relógio de bolso!
por Ronaldo Filho
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